quinta-feira, 3 de março de 2011

Coisas da Memória

Ano Novo choveu... Foi bonito...


Estes dias me peguei refletindo, aqueles dias em que ficamos com o corpo meio amolecido porque a cabeça está pra lá das muralhas da China...

Sabe aqueles textos chatinhos e previsíveis de auto-ajuda quem vem para nós em uma enxurrada de e-mails com o título FW[Fw]Fw... e mais fw? Bem, por mais previsível que seja, a linguagem, os termos, a mensagenzinha tosca no final, o que estava se passando pela minha cabeça era algo parecido com aquele texto do "Não deixe para dizer amanhã o que você pode dizer hoje"... Mas de forma um pouco adaptada.


Estava lendo à respeito de coisas importantes, as quais eu realmente devo algum empenho, bom, e meus filhotinhos, meus bebês vieram me pedir um carinho, eu não podia dar, dei apenas um abraço e um beijo... Coloquei ambos na minha cama e continuei lendo... Os dois solidários se lamberam com carinho, e dormiram perto do meu travesseiro. E eu achei aquilo muito bonito, fiquei feliz e ri... Assim, sozinha... Consequentemente passei à pensar mais sobre a vida.



Meus bebês...

Me lembrei de um tio que eu nunca gostei com o qual tive de conviver mais que eu queria, me lembrei de uma Tia que eu amei muito e convivi menos do que eu queria. Pensei no meu pai, nos meus amigos, no meu namorado. Alguns momentos são realmente inesquecíveis e pouco valorizados... Algumas boas lembranças ficam na memória e algumas coisas devem ser perdoadas, assim como outras não.


Simplesmente eu não concordo plenamente com tudo o que o meu pai faz, ou manda, ou pensa, só que eu me dei conta que, embora eu não goste de muitas coisas, eu não quero deixar para me lembrar do quão bom ele é ou foi para mim, ainda que fosse uma única vez (Sorte que muito mais) quando eu não tivesse mais chance para deixar isso tudo me fazer feliz. A morte não dói para quem se vai, mas para quem fica sempre traz consequencias. Eu não quero sentir culpa por não reconhecer ou pelo menos perceber algo bom que eu já senti, principalmente porque é uma culpa vazia, fria, e pior... Inútil.

Simplesmente até hoje eu não concordo com as coisas que ouvi no velório desse meu tio, não concordo que a morte dele fez com que os terríveis erros fossem perdoados. A morte, assim como não consegue apagar a lembrança de um sentimento bom, também não apaga as coisas ruins.

Fecho meus olhos e penso em muitos momentos, amigos, lembranças boas, coisas lindas que vi, um bichinho, um olhar feliz de criança, o primeiro sorriso que vi do Rone, e me sinto bem, é isso que eu quero ter comigo, é isso que gosto de pensar quando preciso de força.


Não, não acho que devemos correr pra gritar aos 4 ventos como essas pequenas coisas nos fazem bem, apenas abrir os olhos da nossa frágil e destreinada percepção, que, desacordada com a ajuda dos sedativos das obrigações do dia-a-dia, às vezes não exerga essas bonitas e pequenas coisas que nos proporcionam lindos sorrisos de segundos.


Hoje é o dia de se fazer feliz, e para quem não se faz. De notar essas pequenas doses de felicidade.

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